sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Tatuzão é religado em Ipanema após 5 meses parado

17/10/2014 - O Globo

Cinco meses após deixar de operar devido a um acidente que abriu duas crateras na Rua Barão da Torre, em Ipanema, o tatuzão, equipamento que perfura o subsolo nas obras do metrô, foi religado ontem. Foram acionados os sistemas elétrico, eletrônico, mecânico e hidráulico da máquina, que tem 2,7 mil toneladas e 120 metros de comprimento. Responsável pela construção do trecho do metrô entre Ipanema e a Barra, o Consórcio Linha 4 Sul informou, no entanto, que a retomada das escavações ainda não tem data. O trabalho só será retomado após a "realização de testes".

Enquanto o tatuzão esteve desligado, o consórcio fez obras de reforço estrutural do solo na região, para evitar novos afundamentos. O simples fato de o equipamento ter sido religado já deixou moradores apreensivos. A professora Claudia Chaves, da PUC, moradora da Rua Farme de Amoedo, diz que está preocupada:

— Eu não tinha medo, mas agora, depois de ficar dez dias sem telefone e sem internet devido às obras do metrô, temo pelo que pode vir. Quando eles estavam perfurando sob a Rua Barão da Torre com o tatuzão, eu ouvia, do meu apartamento, que fica a uma quadra e meia da obra, barulho de explosão. Imagina agora. Tenho medo de que a rua volte a afundar. Acredito que outros moradores de Ipanema também estejam com medo.

Já o engenheiro civil José Antônio Pessoa Araújo, de 70 anos, que mora na Rua Barão da Torre, contou que é grande a expectativa para o reinício das escavações com o tatuzão:

— Espero que agora as escavações transcorram sem problemas. Acompanhei tudo de perto, desde o início. Há pessimismo entre os moradores, mas também esperança.

Desde o acidente, apenas as escavações com o tatuzão foram interrompidas, não as demais obras da linha 4 do metrô.

Circulação está restrita em trecho da Barão da Torre

Moradora diz que equipamentos fazem toda a casa tremer

Os moradores de Ipanema e Leblon receberam um comunicado sobre o religamento do tatuzão. No aviso, o consórcio informou ainda que, devido à utilização de equipamentos pesados, a circulação de pedestres entre os número 133 e 145 da Rua Barão da Torre ficará restrita por aproximadamente 15 dias.

Morador de Ipanema há mais de 40 anos, o psicanalista Paulo Próspero, de 65, espera que os técnicos responsáveis pelos trabalhos não cometam erros. Na opinião dele, se a obra não for retomada com segurança, será um caos.

— Sou otimista. Espero que os responsáveis estejam cientes da gravidade da situação. Principalmente depois do tempo em que a obra esteve parada. A responsabilidade é grande — disse Próspero, ressaltando que não é técnico para avaliar o trabalho que vem sendo feito.

PREJUÍZO FINANCEIRO

Doris Wine, que também mora na Barão da Torre, bem em frente ao ponto onde, em maio, uma das crateras se abriu, não esconde o medo:

— A gente não aguenta mais essa obra e os desvios na rua. Está todo mundo inseguro.

Segundo ela, quando equipamentos usados na obra são ligados, a casa toda treme e até seu gato fica estressado. Além disso, Dora reclama de prejuízos financeiros:

— Eu recebia turistas aqui em casa e, desde que houve esse problema, não há mais reservas.

Síndico do prédio 137 da Barão da Torre, Hamilton Ferreira dos Santos disse que os moradores do edifício esperam que a retomada das escavações não cause novos problemas. Segundo ele, há muita expectativa entre os condôminos:

— Não temos muito o que fazer. É esperar para ver o que vai acontecer.

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