sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Obras da Linha 4 do metrô vão interditar quatro praças da Zona Sul

18/11/2011 - O Globo

RIO - As obras para levar o metrô da Zona Sul até a Barra da Tijuca vão interferir no trânsito e interditar por tempo ainda indeterminado, a partir do início do ano que vem, o acesso do público às praças Antero de Quental (Leblon) e Nossa Senhora da Paz (Ipanema); e ao Jardim de Alah, onde serão construídas as novas estações. Na Gávea, após estudar a alternativa de uma estação na Praça Santos Dumont, o estado bateu o martelo e decidiu mesmo fazer as obras no estacionamento da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), que também terá o acesso fechado ao público. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira pelo secretário-chefe da Casa Civil, Régis Fitchner, ao apresentar um cronograma mais detalhado da construção de seis novas estações do sistema: Jardim Oceânico, São Conrado, Gávea, Antero de Quental, Jardim de Alah e Nossa Senhora da Paz. Da praça Nossa Senhora da Paz, o metrô seguirá até a Praça General Osório, também em Ipanema, atual estação terminal da Linha 1 do Metrô na Zona Sul que em princípio não seria interditada.
Mais de um quilômetro de túneis já foram escavados para a construção das estações Jardim Oceânico e Gávea, porque, segundo o Estado, essa parte da obra já tinha licença ambiental. Na Zona Sul, a Secretaria de Transportes já iniciou a escavação de um túnel de serviço entre Copacabana e a Praça General Osório. O início de outras intervenções na Zona Sul ainda depende de licenciamento no Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Em dezembro, o estado realizará uma audiência pública para apresentar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) que será anexado ao processo. Regis espera que a licença saia em janeiro.
- Nós ainda estamos estudando com a prefeitura do Rio as mudanças que teremos de fazer no trânsito e o tempo que vamos precisar manter as praças bloqueadas. Devemos anunciar isso em 15 dias. A interdição das praças será necessária para escavar estações mas elas serão recuperadas e devolvidas à população - disse Régis Fitchner.
A CET-Rio preferiu não se manifestar porque os estudos viários não estão prontos. Já a PUC decidiu que só vai tratar do assunto após ser notificada oficialmente pelo Estado sobre o projeto para a sua área externa.
O secretário-chefe da Casa Civil revelou também que os estudos feitos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), contratada como consultor, reduziram a estimativa dos gastos com obras, compra de trens e equipamentos para colocar o serviço em funcionamento. Em lugar de R$ 6 bilhões, acredita-se agora que serão gastos cerca de R$ 5,6 bilhões. Deste total já foram gastos apenas pouco mais de R$ 100 milhões. O governo do estado entraria com mais de R$ 4 bilhões a serem investidos principalmente nas obras enquanto as concessionárias Metrô Rio (operadora da Linha 1 e 2) e Rio-Barra investiriam na compra dos trens e outros itens. Segundo a FVG, para que o novo serviço opere com um mínimo de conforto a intervalos de três minutos será necessário adquirir 17 novas composições para absorver uma demanda inicial de mais de 300 mil viagens por dia.
O governo do Estado negocia empréstimos para executar a sua parte. Cerca de R$ 3 bilhões estão sendo solicitados ao BNDES. Mais 500 milhões de Euros estão sendo negociados com a Agência Francesa de Desenvolvimento. Semana que vem, uma missão dos franceses chega ao Rio para discutir o financiamento.
Régis disse descartar a possibilidade das 17 novas composições chegarem atrasadas na cidade. Isso aconteceu, por exemplo, com os 30 trens encomendados pela concessionária Metrô Rio para melhorar a operação do sistema existente reduzindo o intervalo entre as composições de seis para três minutos. Os trens deveriam ter chegado em agosto do ano passado mas somente agora o fabricante começa a entregar a nova frota. O próprio Regis lembrou que a Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes (Agetransp) multou a companhia em R$ 374 mil e o governo do Estado já pediu que a empresa seja punida mais uma vez. O tempo de fabricação de um trem novo é de 30 meses:
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- O problema foi que a concessionária falhou quando definiu as especificações técnicas para o fabricante. As especificações agora serão as mesas. Se os trens forem contratados em janeiro de 2013 estarão prontos a tempo - disse Regis.
A previsão do governo do estado é concluir as obras para iniciar testes de operação em dezembro de 2015. Isso porque o sistema terá que estar em operação para as Olimpíadas de 2016 em agosto. No mês que vem será marcada uma audiência pública para apresentar à população o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) para o trecho entre a Gávea e Praça General Osório. O projeto prevê o uso do trecho construído da Linha 4 (entre Barra e a Gávea) como uma extensão da Linha 1. O usuário poderá se deslocar entre o Jardim Oceânico e a Tijuca sem trocar de trens em 48m13s. A viagem até a Central do Brasil levaria 38m37s. Haverá baldeações apenas se o passageiro fizer uso numa mesma viagem das linhas 1 e 2. Nesse caso, o tempo de viagem entre o Jardim Oceânico e a Pavuna, por exemplo, ficaria em 1h20.
Na Zona Sul, o projeto prevê que as estruturas das estações serão construídas antes escavações do túnel por onde circularão as composições. As escavações serão feitas por uma perfuradora especial conhecida como Shield ou Tatuzão.
O detalhamento das obras pelo estado ocorre em meio a uma polêmica. Dezoito associações de moradores criaram o movimento O Metrô Que Nós Queremos defendendo um traçado diferente para a ligação Barra-Zona Sul- Centro. O grupo propõe a criação de um traçado independente da Linha 1. A partir da Gávea, ele seguiria pelo Jardim Botânico, Humaitá, Laranjeiras (ou Cosme Velho) se interligando com a Carioca.
O grupo encaminhou ao Ministério Público uma representação contra o projeto. No início de novembro, o promotor Carlos Frederico Saturnino entrou com uma ação na 15ª Vara de Fazenda Pública pedindo a suspensão das obras. Na ação, o promotor argumenta que as obras em execução não são aquelas que originalmente receberam licenciamento ambiental.
Antes de se decidir juiz Luiz Fernando de Andrade Pinto pediu informações ao estado.
- As obras que estamos executando estão com a as licenças ambientais em dia. Lamento que o promotor tenha entrado na Justiça sem ouvir o estado - disse Régis.
Carlos Frederico dá outra versão:
- A acusação não procede. Antes de propormos a ação, o secretário de Transportes, o coordenador de licenciamento do Inea e a Rio Trilhos foram ouvidos. O projeto está descaracterizado em relação a licença original. O que está se construindo não é a Linha 4 mas uma extensão da Linha 1 - disse o promotor.

Para o secretário, o traçado escolhido é o que terá o melhor custo-benefício.
- O outro traçado pelo Jardim Botânico levaria a metade dos passageiros. Além disso, essa ligação é que tem potencial para tirar mais carros da rua (cerca de 800 veículos por hora). E passa pela orla, uma região mais estratégica da Cidade por sua importância turística e comercial. Além disso, por esse traçado poderemos cobrar uma tarifa única (R$ 3,10 em valores atuais). Só tpinhamos recursos para fazer uma ligação e escolhemos essa. O próximo governo pode continuar a ampliar o sistema. Minha sugestão nesse caso é que seja feita a ligação direta Gávea-Centro - justificou Regis Fitchner.
Programa de família

Visitar as obras da Linha 4 do metrô, na Barra da Tijuca, virou um programa de família. Iniciativa do Consórcio Construtor Rio Barra (CCRB) e da Secretaria estadual de Transportes, a visitação começa com a exibição de um vídeo sobre o projeto da Linha 4. Em seguida, os visitantes são levados em vans até o interior do túnel. O passeio acontece todo último fim de semana do mês. O agendamento é feito pelo e-mail visitaguiada@ccrblinha4.com.br ou pelo telefone 3389-2100.

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