domingo, 28 de fevereiro de 2016

Um metropolitano muito estranho

Por Atilio Flegner

Extraído do Facebook em 28/02/2016

Com as novas curtidas na pagina, sempre é bom fazer uma postagem esclarecendo as nossas demandas para o novo leitor. Então vamos lá: 

Os problemas do metrô Linha 4 surgiram muito antes da recente polemica envolvendo as declarações unilaterais do prefeito Eduardo Paes (PMDB). Declarações estas que contrariaram o próprio governador e também os engenheiros responsáveis pela obra, escancarando a sociedade que na realidade o prefeito não está preocupado com a obra, mas sim desejava atacar o ex secretário Carlos Osorio (recém filiado ao PSDB).

Os problemas do metrô começaram em 2009 quando o governo Sergio Cabral, resolveu por alterar o traçado da Linha 2 do metrô. Ao invés de concluir o trajeto original previsto desde 1968, do Estácio até a Praça XV, a então administração fez a ligação 1A. O ato foi previamente criticado por diversos estudiosos, engenheiros e ex-diretores do metrô, porém mesmo assim, numa postura de insensibilidade e agressão ao interesse público o governo estadual fez a chamada “gambiarra”.

A Ligação 1A (Linha 1A) coloca os trens da Linha 2 para seguirem de Pavuna até Botafogo, entrando na Linha 1 por meio de um acesso previsto apenas para retirada de trens na estação Central na Linha 1. Esse entrelaçamento de linhas entre Central e Botafogo, bem como o cruzamento de trens em mesmo nível na Central, causa ao sistema metroviário uma perda de capacidade na ordem dos 70%.

Com a Linha 1A, ao invés do metrô ofertar na Linha 2, capacidade de 90 mil passageiros/ hora sentido segundo o projeto original, a nova concepção oferta apenas 24 mil passageiros/hora/sentido, pois os intervalos ficam na ordem dos 5 minutos e os trens não podem ter os 8 carros previstos no projeto original, já que adentram na Linha 1, onde nas estações cabem somente os trens de 6 carros.

A “linha 4” (entre aspas e com minúsculas) será na realidade uma mera extensão da Linha 1. Existia um projeto original da Linha 4 datado de 1997 (essa sim em maiúsculas), que seria a ligação Jd. Oceânico – Botafogo, passando por Gávea e Humaitá. Poucos anos depois a Rio Trilhos (antiga Companhia do Metropolitano) estudou a alternativa Alvorada - Carioca para a Linha 4. Porém em 2010 o governo Sergio Cabral resolveu por alterar esse traçado, contrariando técnicos e moradores, mudando a Linha 4 para Jd. Oceânico- Ipanema, se juntando a Linha 1 como uma mera extensão.

Ora, teremos então um metrô que ao invés de formar uma rede, se caracterizará por ser uma tripa. Além disso, devido à redução de capacidade causada pela ligação 1A, o metrô não poderá ofertar lugares suficientemente necessários a demanda. Se hoje os trens já trafegam com índices de superlotação inaceitáveis, os problemas tendem a piorar a partir da inauguração do novo trecho.

A piora na qualidade dos serviços do metrô é o resultado de quando os interesses políticos, as decisões equivocadas e os interesses corruptos se sobressaem ao interesse público e a ética profissional no meio técnico.

O metrô é sem duvida a melhor solução para o transporte de massa, como dizia o panfleto da Companhia do Metropolitano distribuído na época da inauguração em 1979 e reproduzido abaixo, porém para ser essa solução ele deve ser gerido de forma séria e responsável, coisa que infelizmente não vem acontecendo no Rio de Janeiro.

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