12/12/2025 - O Globo
Por Luiz Ernesto Magalhães e Selma Schmidt — Rio de Janeiro
Retomada em agosto, obra do metrô só deve ficar pronta em julho de 2028
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Sem água. Técnicos trabalham no espaço onde está sendo construída a estação
Foto: Ernesto Carriço / Divulgação do Governo do Estado
Oito anos após ser inundada por 60 milhões de litros de água, a estrutura da futura estação do metrô da Gávea está finalmente seca. A medida faz parte das intervenções necessárias para concluir a Linha 4, que vai de Ipanema à Barra da Tijuca. Paralisada em 2016, a obra foi retomada em agosto deste ano, com o processo de esvaziamento do espaço onde ficará a plataforma. Ontem mesmo começou a detonação em rocha para abrir o túnel que fará a ligação com a estação de São Conrado. A inauguração do novo trecho está prevista para julho de 2028
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Escavações na rocha serão retomadas nas obras do Metrô da Gávea
Foto: Ernesto Carriço\Governo do Estado
— Conseguimos concluir o esvaziamento dois meses antes do previsto. Já retomamos as detonações em rocha. Falta abrir 60 metros de túnel, e esse processo deve levar cerca de 11 meses. Isso é necessário porque ainda teremos que retirar o equivalente a 140 mil toneladas de pedras. Nessa etapa, em paralelo, serão instalados trilhos e outras estruturas da futura estação — explicou a secretária estadual de Transportes e Mobilidade Urbana, Priscila Sakalem.
Detonações
O passo a passo até o esvaziamento dos dois grandes poços, de 18 metros de diâmetro, que precisaram ser inundados para garantir a integridade das paredes dos buracos de acesso à estação, incluiu vistoria cautelar em aproximadamente 2.500 unidades num raio de cem metros das intervenções e o rebaixamento de lençol freático.
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O projeto da Linha 4
Foto: Editoria de Arte
A etapa seguinte, com previsão de duração de 11 meses de acordo com o Consórcio Construtor Gávea (CCG), será a de denotações de rocha com explosivos — deverão ser duas diariamente, uma no início da manhã; e outra no fim da tarde. Além dos 60 metros de túnel, será preciso perfurar 14 metros de um dos poços (o Oeste) e 136 metros de comprimento para implementar mezanino, plataforma e via.
Acabamentos
Com as escavações concluídas, será a vez de executar estrutura e acabamentos, montar trilhos, instalar sistemas e implantar uma praça ao redor do prédio da estação, que terá um andar. Os projetos para o interior e o exterior do espaço ainda estão sendo detalhados. Contudo, já se sabe, por exemplo, que, como a Estação Gávea será a mais profunda do sistema metroviário do Rio, com 52 metros, dois elevadores de alta velocidade e capacidade para 30 passageiros vão transportar os passageiros da superfície até a área de embarque e vice-versa.
20 mil usuários por dia
O próprio governador Cláudio Castro acionou ontem o botão da primeira detonação em rocha. Segundo a secretária Priscila Sakalem, quando for entregue, a expectativa é que a estação receba até 20 mil pessoas por dia. Ela explicou que o processo de esvaziamento foi acompanhado por técnicos, que não detectaram qualquer risco aos prédios vizinhos.
O acordo para término da estação Gávea foi celebrado em abril deste ano. Um dos documentos assinados é um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), em que a operadora da Linha 4 desiste do contrato e repassa o serviço para o MetrôRio — responsável pelas linhas 1 e 2 —, que se comprometeu a investir R$ 600 milhões na obra. Em contrapartida, o contrato de exploração da Linha 4 será estendido por mais dez anos, até 2048. O governo do estado vai repassar R$ 97 milhões.
O projeto que está sendo desenvolvido, porém, é diferente daquele que foi concebido originalmente, há mais de dez anos. Inicialmente, a ideia era que a Gávea fosse conectada às estações São Conrado e Antero de Quental, no Leblon. No entanto, isso exigiria a retomada de uma segunda frente de obras, que abriria caminho sob o solo com uma máquina conhecida como tatuzão, o que não vai acontecer. Com isso, o passageiro que estiver na Gávea e quiser seguir em direção a Ipanema, e vice-versa, terá que ir até São Conrado e fazer uma baldeação. A ligação com a Antero de Quental não será feita.
Assim como em outras obras do metrô, o que mantém a estação sem água são bombas de sucção. Desligar as bombas e deixar que a água subisse no fim de 2017 nos dois túneis da futura estação da Gávea foi uma solução provisória, adotada durante a gestão do então governador Luiz Fernando Pezão. Na época, o governo do estado enfrentava uma grave crise financeira que levou à interrupção de uma série de projetos, além de denúncias de que a construção da Linha 4 do metrô havia sido superfaturada em R$ 3,7 bilhões.
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