Veja como seria o traçado do Metrô para Jacarepaguá, Barra, Recreio e Zona Norte


13/04/2025 - Diário do Rio

Por Quintino Gomes Freire

Prefeito Eduardo Paes propõe nova Linha 6 do metrô e quer assumir gestão dos trens urbanos no Rio. Financiamento pode vir de bônus para construção na Barra e no Recreio.


Estação de metrô e BRT da Barra da Tijuca
Foto: Rafa Pereira - Diário do Rio


O prefeito Eduardo Paes anunciou, nesta sexta-feira, que pretende tirar do papel a Linha 6 do metrô, com trajeto entre a Alvorada, na Barra da Tijuca, e o Cocotá, na Ilha do Governador. A proposta faz parte de um pacote mais amplo que inclui a ampliação da Linha 4 até o Recreio e a recuperação dos ramais ferroviários atualmente operados pela SuperVia dentro dos limites do município do Rio de Janeiro.


Imagem O Globo


Para viabilizar os investimentos, Paes quer utilizar o instrumento das Operações Urbanas Consorciadas, oferecendo a investidores privados a possibilidade de construir com regras urbanísticas mais flexíveis em áreas da Barra e do Recreio em troca do financiamento das obras do metrô. A mesma lógica já foi aplicada pela Prefeitura em projetos como o Parque de Inhoaíba, a reforma do Estádio São Januário e a construção do autódromo de Guaratiba.

A proposta envolve também a negociação com o governo do estado para que a prefeitura assuma a gestão da malha ferroviária urbana, hoje sob responsabilidade da SuperVia, que já manifestou interesse em devolver a concessão. “Queremos fazer com a SuperVia a mesma recuperação que fizemos com o BRT. São muitos anos de maus-tratos ao povo carioca”, escreveu Eduardo Paes em suas redes sociais.

Outra exigência feita pelo prefeito é a integração do Bilhete Único Intermunicipal com o cartão Jaé, sistema que será adotado pela Prefeitura a partir de julho nas linhas municipais, substituindo o Riocard.

Apesar do entusiasmo da Prefeitura, especialistas alertam para os custos elevados e a complexidade de um projeto dessa magnitude. “O custo para implantar um quilômetro de trilhos de metrô fica entre R$ 1 bilhão e R$ 1,3 bilhão”, afirmou o engenheiro Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes.

A proposta do prefeito ainda esbarra nas prioridades do governo estadual, que, em nota, reiterou o interesse em parcerias, mas destacou que o foco atual está na Linha 3 do metrô (São Gonçalo-Rio) e na conexão Estácio-Carioca. “É preciso que o projeto tenha um estudo consistente, levando em consideração a viabilidade técnica e financeira”, destacou o Executivo estadual.

Segundo o vereador Pedro Duarte (Novo), presidente da Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara Municipal, a maior parte das áreas passíveis de operação consorciada já foi utilizada, o que pode dificultar a captação de recursos com o modelo proposto. “A questão é que boa parte das áreas que poderiam ter esse mecanismo já foi usada em outras operações”, apontou o parlamentar.

O Plano de Expansão do Metrô, em vigor desde 2015, prevê 49,2 quilômetros somando as linhas 4 e 6. Desde 1980, o Rio conseguiu implantar apenas 57 quilômetros, e ainda resta concluir a estação da Gávea, parada há anos. Até o momento, o prefeito não comentou publicamente os próximos passos da proposta.

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