Metrô do Rio tem promessa de maior expansão no futuro

30/07/2016 - G1

Cidade esperou quase 30 anos para receber mais uma linha.

Em 2018 a recém inaugurada Linha 4 irá ganhar primeira extensão.

Enquanto Nova York, Cidade do México, Paris, Londres e outras cidades do mundo têm um emaranhado de linhas de metrô, no Rio as três linhas existentes praticamente não se comunicam entre si. Em apenas duas estações, as linhas 1 e 2 se cruzam. Como mostrou o RJTV, a ideia é mudar isso no futuro.

O próximo passo do metrô no Rio é a conclusão da estação Gávea, da recém-inaugurada linha 4. A obra parou na metade devido a mudanças no projeto inicial e ficou de fora da inauguração da linha para a Olimpíada. A estação só deverá ser inaugurada em 2018.

O plano de expansão do metrô prevê que a Gávea seja ligada com as estações Carioca, Uruguai, São Conrado e Antero de Quental. Ela será o primeiro "hub" do metrô carioca, ou seja, a primeira estação interligada com várias outras ao mesmo tempo.

“A expansão na Gávea rumo à Carioca, com aproximadamente 10 quilômetros de expansão, agregaria ao sistema aproximadamente 300 mil passageiros por dia. Esse é o mesmo número da linha 4 e representa na linha 4 menos 2 mil veículos nas ruas. Fora a expansão rumo à Uruguai, onde há uma explosão de demanda rumo ao Méier, Del Castilho, Avenida Brasil”, explicou Tatiana Carius, presidente da RioTrilhos.

Segundo Tatiana, outra solução à vista é interligar as linhas do Centro da cidade. “A próxima expansão metroviária prioritária para o governo do estado é a expansão da linha 2 no trecho Estácio-Carioca-Praça XV. É uma extensão de 3,4 quilômetros, mas que representa muito para o sistema metroviário”, destacou.

Tatiana Carius defende ainda a necessidade de expandir o sistema metroviário subterrâneo como solução para os congestionamentos.

“No ano passado nós contratamos o primeiro plano diretor metroviário da história do Rio de Janeiro. O único plano, até então existente, foi um plano desenvolvido pelos alemães na década de 60 e que norteou o metrô do Rio nas linhas que a gente possui hoje, das linhas 1 e da linha 2”, disse.

Para o ex-diretor da Rio Trilhos, o engenheiro e doutor em transportes públicos Fernando Macdowell, a integração inteligente ainda não é realidade no Rio de Janeiro. “Há muita gente que não tem interesse em fazer o metrô, muita gente. Essa linha 4 do metrô da maneira que foi feita perdeu 88% da capacidade”, afirmou o engenheiro.

Segundo a Secretaria Municipal de Transportes, atualmente os ônibus são quase dez vezes mais importantes nos deslocamentos pela cidade do Rio do que o metrô. Coincidência ou não, no lugar onde o metrô faz mais falta na região metropolitana, as empresas de ônibus não tem nenhuma concorrência.

A obra mais prometida da história do metrô nunca saiu do papel: a linha 3, que sairia da Praça XV, passando por baixo da Baía de Guanabara, até chegar a Niterói, na Praça Araribóia. De lá, o metrô iria até São Gonçalo, a segunda cidade mais populosa do estado, e depois a Itaboraí. Cerca de 1,7 milhão de pessoas que hoje dependem basicamente dos ônibus seriam beneficiadas.

Financiamento privado das obras

Em meio à pior crise econômica da história do estado, o investimento em Parcerias Público-Privadas (PPP) é a principal aposta do governo fluminense para alavancar a expansão do metrô.

“Acho que o momento é de criatividade, de buscar parceria com a iniciativa privada para que o metrô não seja interrompido. O metrô de Hong Kong foi inaugurado em 1979, no mesmo ano que o nosso, e hoje tem mais de 100 quilômetros de expansão, explorando o potencial imobiliário, criando shoppings ao lados de estações. É um modelo criativo e muito bem sucedido”, afirmou Tatiana Carius.

Para o secretário estadual de Transportes, Rodrigo Vieira, a linha 4 é um exemplo muito claro da força das PPP. "Nós temos aqui cerca de 10% de capital privado, R$ 1,270 bilhão aproximadamente, que financiou todo o material rodante, os trens”, explicou Vieira, que defendeu a importância de investir na expansão do metrô, destacando os prejuízos financeiros e sociais com a estagnação do sistema.

“Não avançar com o metrô tem um custo financeiro muito grande, mas tem um custo social. São 2 mil empregos que deixam de ser gerados para esse pequeno trecho de 1,2 quilômetro entre o Alto Leblon e a Gávea. A Gávea já está com 42% de execução e nós já temos túneis de serviços realizados naquela área. Não podemos parar”, afirmou.

O engenheiro de transporte Peter Alouche concorda com o secretário. “Obra parada é pior que obra não feita porque a expectativa é grande, a população vai aumentando enquanto a obra não está feita. Quando vai ser feita já saturou”, disse.

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