A nova batcaverna do metrô do Rio

06/12/2014 - O Globo

A Estação Gávea, que integra a Linha 4 do metrô (Barra-Ipanema) e está sendo construída no subsolo do estacionamento da PUC-RJ, será a mais profunda do Rio. Ela ficará 55 metros abaixo do nível da rua e será a primeira do sistema metroviário a ter o acesso feito prioritariamente por elevadores. Segundo o consórcio Linha 4 Sul, responsável pela obra, as escavações atingiram uma profundidade maior do que em outras estações porque o terreno na região é um misto de rocha, terra e argila. A previsão é que cerca de 19 mil passageiros utilizem o terminal diariamente depois que ele for inaugurado, em junho de 2016.


 

A nova estação desbancará, com uma diferença de 13 metros, a Cardeal Arcoverde, da Linha 1, em Copacabana, atualmente a mais profunda do metrô carioca. Escavada na rocha, 42 metros abaixo do nível da rua, a estação chegou a ser chamada de batcaverna durante as obras. Apesar de o acesso entre a superfície e a plataforma ser feito em três níveis, o terminal não tem elevadores. Com suas longas galerias moldadas na rocha, o espaço já foi cenário de inúmeros comerciais.

De acordo com o consórcio, para facilitar o acesso dos passageiros, a futura Estação Gávea vai operar com quatro grandes elevadores, cada um com dois metros de largura por 2,15m de comprimento, e capacidade para 30 passageiros. Os passageiros farão a viagem às profundezas da Estação Gávea em 37 segundos.

ESCADAS COMO ALTERNATIVA AOS ELEVADORES

A estação terá dois acessos: o da PUC, pela Avenida Padre Leonel Franca, é o que terá maior fluxo de usuários, segundo a Linha 4 Sul. Por isso, terá um conjunto de escadas fixas, duas escadas rolantes e um elevador para oito passageiros conectado por rampa, o que garante acessibilidade a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Logo que entrarem na estação, os usuários deverão descer um primeiro lance de escada ou embarcar num pequeno elevador para chegar às bilheterias, passar pelas roletas e então acessar os grandes elevadores.

Já o acesso da Marquês de São Vicente, com menor demanda de passageiros, contará com dois conjuntos de escadas fixas e rolantes e dois elevadores, uma vez que a descida terá dois níveis até o hall de elevadores de alta capacidade.

Os usuários que tiverem medo de usar os elevadores não precisam se preocupar. Eles terão como alternativa oito lances de escadas rolantes, mais duas menores pela saída da Rua Marquês de São Vicente e uma menor pelo acesso da PUC. Geradores próprios impedirão que eles parem em caso de falta de energia.

A Estação Gávea contará com duas plataformas paralelas, construídas em um só nível. Como os trilhos serão independentes, o benefício às futuras expansões foi mantido. De acordo com a Linha 4 Sul, uma área está sendo construída para possibilitar futura ampliação do sistema metroviário em direção à Estação Uruguai, na Tijuca, e à Estação Carioca, no Centro. Embora a operação ainda esteja em estudos, o traçado da Linha 4 deverá permitir que o passageiro passe ou não pela Estação Gávea.

Apesar de mais trabalhosa, os engenheiros consideram a obra na Estação Gávea mais tranquila do que em outros trechos. Isso porque à medida que se aprofundam as escavações, aumenta-se a distância em relação à superfície, tornando as vibrações das detonações cada vez menos incômodas aos pedestres e moradores do bairro. As escavações estão sendo feitas em dois poços que já atingiram 45 metros de profundidade, restando, portanto, 10 metros de escavação para cada um.

TATUZÃO PARADO SEIS MESES

A Estação Gávea foi a última da Linha 4 a ser iniciada. Ao final das obras, a área de estacionamento da universidade será recomposta e devolvida com suas características originais. Para viabilizar as intervenções dos túneis, foi necessário desocupar terrenos do estado no final da Travessa Madre Jacinta. No local, havia cinco casas e uma oficina mecânica. As famílias foram indenizadas e realocadas. O campus disponibilizou uma nova opção de estacionamento, através de convênio assinado com o Shopping da Gávea. De segunda a sábado, os últimos andares do Shopping funcionam como estacionamento para alunos da graduação e pós-graduação, regularmente matriculados.

A Linha 4, que ligará o Jardim Oceânico, na Barra, à Praça General Osório, em Ipanema, é um dos compromissos do estado para os Jogos Olímpicos de 2016. De acordo com os construtores, ela deverá transportar, a partir de 2016, mais de 300 mil pessoas por dia, que poderão utilizar todo o sistema metroviário da cidade com uma única tarifa.

Em maio deste ano, parte das obras da Linha 4 no trecho de Ipanema precisou ser paralisada depois que duas crateras se abriram na Rua Barão da Torre, assustando moradores. O funcionamento do tatuzão ficou interrompido por seis meses, já que o subsolo precisou ser reforçado. Segundo o consórcio, apesar da longa paralisação do tatuzão no trecho de Ipanema, o problema não afetou o cronograma da obra. Já foram escavados nove mil metros de túneis no trecho Barra-Gávea, e as galerias já estão interligadas, faltando apenas concluir a abertura do túnel entre Ipanema e Gávea.

A nova linha de metrô terá seis estações (Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah, Antero de Quental, Gávea, São Conrado e Jardim Oceânico) em 16 quilômetros de extensão. Com a nova ligação, o trajeto entre Barra e Ipanema será feito em 15 minutos e, entre a Barra e a Praça Saens Peña, na Tijuca, em 50 minutos.

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