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27/12/2012 - O Globo

Obras do metrô no Leblon completam um mês com saldo positivo e necessidade de ajustes

Desde que foi anunciada pela primeira vez, em maio deste ano, a interdição de trechos da Avenida Ataulfo de Paiva e de outras vias do Leblon para as obras do metrô causou pavor entre os moradores e frequentadores do bairro. Mas, há 32 dias do fechamento da avenida, o impacto no trânsito aparenta ter sido menos agressivo que o esperado. Carlos Osório, secretário municipal de Transportes, diz que o saldo é positivo.
- O resultado é decorrente do planejamento viário eficiente, da boa operação de trânsito e, principalmente, da compreensão e colaboração dos moradores - analisa Osório em entrevista exclusiva ao GLOBO-Zona Sul.
Para o secretário, a Avenida Delfim Moreira conseguiu absorver o tráfego da Ataulfo de Paiva sem comprometer a fluidez do trânsito. Segundo ele, os quatro acessos para a orla foram suficientes, e outras alterações, por enquanto, são desnecessárias.
- Nas nossas contagens não verificamos a necessidade de mais pontos de acesso para a praia. O giro construído na Visconde de Albuquerque está com nível de carregamento adequado, não deixa o cruzamento da praia fechar e dá a fluidez necessária. Temos que lembrar que o trânsito neste período do ano aumenta até 20%, e, mesmo com este fluxo maior, a capacidade está acomodada - pontua.
O secretário também explicou algumas dúvidas que pairam sobre as obras. O fechamento do trecho da Ataulfo de Paiva entre as ruas General Artigas e General Venâncio Flores explica, foi uma decisão logística. Segundo ele, a mudança foi realizada para forçar a utilização da Rua Humberto de Campos como alternativa para quem deseja seguir para a Lagoa, desafogando o trânsito da Delfim Moreira.
- Este fechamento não estava no planejamento original, mas todo o fluxo de veículos chegava na Venâncio Flores e causava um grande engarrafamento no sentido da praia. Além de acabar com a retenção, o fechamento deste trecho resolveu a questão da carga e descarga no entorno. Agora elas são realizadas ali - minimiza.
Osório garante que, nos próximos 17 meses de obras, os motoristas poderão utilizar o lado direito da rua, originalmente destinado às paradas de ônibus BRS, para estacionar. A previsão é que até o fim do ano 50 bicicletários estejam instalados para incentivar o uso das magrelas.
A presidente da Associação de Moradores do Leblon, Evelyn Rosenzweig, concorda com o balanço do secretário, mas lembra que alguns pontos devem ser resolvidos.
- A gente se adaptou bem às mudanças, mas faltam pequenos ajustes. O trânsito em alguns momentos fica mais tumultuado, e a iluminação precisa ser melhorada em alguns pontos - diz.
A aposentada Eunice Moreira, que mora num edifício ao lado da Praça Antero de Quental, diz que os efeitos do primeiro mês foram poucos.
- O metrô vai melhorar nossa mobilidade aqui - acredita a moradora.
De acordo com informações do Consórcio Linha 4, 92% da Praça Antero de Quental já estão ocupados, assim como os tapumes na Avenida Ataulfo de Paiva, entre a Bartolomeu Mitre e a General Venâncio Flores. Todo o mobiliário urbano foi retirado do local. As novas instalações do parquinho infantil e da Academia da Terceira Idade foram entregues no último dia 10 e serão mantidas durante as obras.
Pedestres pedem ajustes
Moradores do Leblon questionados pelo GLOBO-Zona Sul apontam alguns aspectos que precisam ser revistos. O aposentado Helmar Rosa afirma que a faixa de pedestres da esquina da Rua General Artigas com a Avenida Ataulfo de Paiva, no sentido Humberto de Campos, merece atenção.
- Quase fui atropelado há pouco mais de duas semanas porque o motorista não respeitou o sinal. Os agentes da CET-Rio estão aqui, mas parecem não cumprir os seus papéis, e repassam a responsabilidade para a Guarda Municipal. Eles precisam ficar mais atentos - crítica.
A cadeirante Cely Santos e sua filha, Dinalva Trombeta, dizem que as obras não interferiram na rotina delas. No entanto, o desnivelamento do meio-fio no trecho perto da Praça Antero de Quental não foi bem executado, afirmam.
- Conduzir uma cadeira de rodas com o meio-fio tão alto é cansativo, trabalhoso e perigoso - argumenta Dinalva, lembrando também que a calçada entre a Bartolomeu Mitre e a General Urquiza ficou estreita para a grande quantidade de pedestres.
Silvana Rossi, moradora da Rua General Urquiza, diz que os pontos de ônibus da orla deveriam receber coberturas. Ao ser questionado pelo GLOBO-Zona Sul sobre a reivindicação, o secretário municipal de Transportes, Carlos Osório, respondeu à crítica dizendo que a situação dos pontos na praia é provisória. Mas a moradora rebate:
- Provisório é um mês e não 18 meses, como o previsto. Fui tentar pegar um ônibus ali e estava tão quente que desisti dez minutos depois.
O GLOBO-Zona Sul também flagrou retenções no acesso à Humberto de Campos, principalmente devido a carga e descarga e estacionamento irregular. Osório afirmou que as denúncias serão checadas e que aumentará o efetivo da CET-Rio no local. O secretário não descartou novas mudanças:
- Sempre que identificarmos a possibilidade de melhorias, vamos fazê-las. Os ajustes sempre acontecerão ouvindo os moradores.

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