Linha 4: visual deslumbrante na chegada à Barra


Por Guedes de Freitas
, setembro de 2010


O passageiro que, a partir de 2015, embarcar no metrô, na Gávea ou em São Conrado, em direção à Barra da Tijuca, terá um impacto de rara beleza ao chegar ao bairro na área da Pedra Focinho do Cavalo: uma visão panorâmica deslumbrante. Os vagões, depois de percorrer 5,1 mil metros dentro do maciço rochoso da Tijuca, sairão a uma altura de 12 metros acima do nível do mar, de estética moderna e suave, projetada de forma a não agredir a bela paisagem, até mergulhar no subsolo da margem oposta do canal, de onde chegará à estação do Jardim Oceânico.

Para proporcionar ao futuro usuário este belo visual e, mais do que isso, uma viagem confortável e segura, bem mais rápida e prazerosa que as intermináveis idas e vindas de hoje em carros e ônibus engarrafados, cerca de 200 pessoas, entre engenheiros e operários, trabalham diariamente na dura realidade de abrir caminho no maciço rochoso. Desde o dia 1 deste mês, o consórcio construtor Rio Barra detona quilos e mais quilos de explosivos no local. Já foi usada mais de uma tonelada de explosivos até agora para furar seis metros do maciço. Sempre com todo o cuidado, como explica Luiz Moreira, chefe da Fiscalização em Obra Bruta, da RioTrilhos, vinculada à Secretaria de Transportes.

– Nossa preocupação é executar a obra, mas primordialmente garantir a segurança de toda a redondeza. Esta é uma característica das obras do metrô no Estado do Rio de Janeiro – afirmou Moreira, acrescentando que, neste início de abertura, há uma graduação adequada do volume das detonações devido à proximidade da rua e dos imóveis. – Muita denotação pode causar problemas de vibração – completou.

Segundo Moreira, antes de iniciar as explosões, houve uma averiguação da estabilidade dos imóveis do entorno. A partir do início das escavações, há um monitoramento com sismógrafos do nível das vibrações ocorridas nas construções próximas, após cada detonação. As explosões nunca são feitas sem antes haver a interrupção do tráfego no trecho em frente da Estrada da Barra, dois minutos antes, e sem acionar três vezes uma sirene de aviso para os moradores do entorno. Um quarto apito sinaliza o fim das explosões.

Primeiro, está sendo aberto um túnel de serviço, de 260 metros de extensão, escavado em direção à rota da futura linha metroviária. A abertura deste túnel, que após a via entrar em operação será uma galeria de ventilação e saída de emergência, é necessária para dar apoio logístico e operacional à escavação do túnel de via, onde serão colocados os trilhos do metrô. O túnel de serviço deverá estar pronto na virada deste ano, pelo cronograma do projeto. São feitas duas explosões por dia, entre 8h e 18h, de segunda a sexta-feira.

No lado de São Conrado, também será aberto um túnel de serviço no ano que vem, com a mesma finalidade do que está sendo feito na Barra. A partir daí, o túnel de via será escavado dos dois lados, encontrando-se no meio do maciço. A previsão é de escavar os 5,1 mil metros até dezembro de 2012.

A RioTrilhos calcula que serão retirados 1,1 milhão de metros cúbicos de pedras na escavação dos túneis de serviço e de via. Este material, em princípio, está sendo transportado por caminhões para Jardim Gramacho, em Duque de Caxias.

– Estamos verificando locais mais próximos para acondicionar este material que é de propriedade da União. Há possibilidade de uso dele ou na própria obra do metrô ou na pavimentação de ruas – adiantou o fiscal da RioTrilhos.

Trabalho árduo e perigoso. Nada melhor, então, que ser feito com a proteção de Santa Bárbara, padroeira dos tuneleiros e cuja imagem ocupa uma pequena capelinha ao lado da entrada do túnel. Segundo Moreira, esta é uma tradição repetida em todo lugar onde se constrói túneis.

– Não sei quando nem onde começou, mas sei que é assim – enfatizou, convicto.

O plano é entregar a Linha 4 para operação em dezembro de 2015, conforme combinado com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), em função das Olimpíadas. A via terá seis estações: Jardim Oceânico, São Conrado, Gávea, Leblon, Ipanema e Praça General Osório, mas, por enquanto, o contrato assinado prevê a construção apenas do primeiro trecho, que vai do Jardim Oceânico à Gávea. O outro trecho, no momento, está sendo estudado pela Fundação Getúlio Vargas, antes de ser licitado.

Para esclarecer dúvidas relacionadas à obra e aos procedimentos, a Secretaria de Transportes e o Consórcio Rio Barra mantêm uma central de atendimento, aberta ao público, funcionando de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, no escritório da obra, na Avenida Armando Lombardi 30, no Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca. Dúvidas podem ser esclarecidas através do telefone: (21) 2491-0821.

Para o início das obras, a Secretaria Estadual de Transportes teve o cuidado de retirar mais de 1.500 plantas nativas, a maioria bromélias, da área onde se darão as escavações. As plantas foram levadas para o Jardim Botânico do Rio.

Fonte Sectran

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