Estudo preliminar para trecho Gávea-Carioca prevê 7 estações, uma delas em Santa Teresa

18/11/2014 - O Globo

Nesta terça serão abertos os envelopes com as habilitações técnicas das três construtoras que participam da concorrência

POR ISABELA BASTOS

A Rua Jardim Botânico: estudo prevê que túnel da futura Linha 5 do metrô passará sob a via - Marcelo Carnaval

RIO - A futura Linha 5 do metrô (Gávea-Carioca) — com dez quilômetros de extensão e sete estações, passando por Jockey, Jardim Botânico, Humaitá, Laranjeiras e Santa Teresa — poderá ser escavada pelo tatuzão a partir da Praça Santos Dumont, na Gávea. Um estudo preliminar elaborado pelo governo do estado propõe que a praça seja um dos principais canteiros das obras da expansão. Ali, o tatuzão, usado hoje na Linha 4 (Barra-Ipanema), seria remontado, dando início à perfuração dos túneis rumo ao Centro. A praça também teria uma estação em seu subsolo. Feito no ano passado, o estudo norteará a licitação do projeto básico da linha, já em andamento pela Secretaria estadual da Casa Civil. Nesta terça-feira serão abertos os envelopes com as habilitações técnicas das três construtoras que participam da concorrência, orçada em R$ 35 milhões.

Elas ainda terão que apresentar as propostas financeiras, numa etapa do processo que ainda será marcada. O vencedor terá oito meses para fazer o detalhamento do projeto básico, que deverá incluir estudos de engenharia e de impacto ambiental, e poderá determinar mudanças no traçado e na localização das estações. Somente após a conclusão do projeto básico haverá uma segunda licitação, desta vez para as obras, ainda sem orçamento fechado, segundo o governo. A ideia é agilizar o processo para poder aproveitar o tatuzão com o fim das obras da Linha 4, previsto para o primeiro semestre de 2016.

De acordo com o projeto, que levou em consideração três caminhos diferentes para a Linha 5, o traçado que tem a preferência dos técnicos do estado passaria sob a Rua Jardim Botânico e não causaria impacto no parque. Em Botafogo, o trajeto tomaria o caminho do maciço rochoso abaixo do Morro Dona Marta, na altura do Motel Panda, passando sob os bairros de Laranjeiras e Santa Teresa, chegando ao Centro, nas imediações da estação Carioca.

Além do fechamento temporário da Praça Santos Dumont, o projeto propõe o uso de outras áreas públicas e privadas para os acessos das estações, na Zona Sul e no Centro. No Jardim Botânico, o estudo levou em conta sete opções e a preferência recaiu sobre o terreno do Hospital da Lagoa, onde haveria "utilização da área dos jardins com recomposição". O projeto básico deverá confirmar ou não essa opção, segundo o estado, que em nota informou que "não há qualquer definição quanto à escolha desta área específica".

Projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o hospital é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) desde 1992. Seus jardins foram desenhados por Burle Marx. A localização é questionada pela Associação de Moradores do Jardim Botânico, que promete ir à Justiça contra a proposta.

— Há dois meses nos reunimos com a Casa Civil e dissemos que não concordamos com o uso do hospital. No que depender de nós, não vai acontecer — diz o presidente da AMA-JB, Heitor Wegmann.

O estudo diz ainda que "é prevista a ocupação de parte do Jockey Club com um poço de saída de emergência, localizado em frente à entrada principal do Jardim Botânico". E acrescenta que "caberá ao projeto básico o levantamento desta área, de modo a definir ações junto aos proprietários e verificar alternativas, como a utilização da praça da esquina das ruas Pacheco Leão e Jardim Botânico para a saída de emergência". O estudo alerta ainda que "em função da localização da estação Jardim Botânico, outras desapropriações ou comodatos podem ocorrer".

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