Passageiros reclamam de frio excessivo em ônibus e nos vagões do metrô do Rio


Casacos, cachecóis e echarpes se tornam peças obrigatórias no transporte público, onde a temperatura pode chegar a 16 graus

POR PAULO ROBERTO JUNIOR

10/07/2015 - O Globo


Preocupada com a baixa temperatura do metrô, a professora Cintia Celso cobre, com um pano, a filha Isadora - Domingos Peixoto / Agência O Globo

RIO — Se no verão o ar-condicionado é a paixão número um do carioca, no inverno esse relacionamento pode ficar bastante comprometido. Imagine enfrentar, diariamente, um clima gelado, com temperaturas de até 16 graus, cerca de quatro a menos do que a média neste período? Pois essa é a rotina de quem circula nos ônibus — que deveriam ser totalmente climatizados até o fim do ano que vem — e no metrô da cidade. Para suportar um inverno tão rigoroso, casacos, cachecóis e echarpes deixam o fundo dos armários e se tornam peças obrigatórias no transporte público.

— O frio é excessivo. Ando com meus agasalhos na bolsa — conta a aposentada Ermelinda Pinto, de 61 anos, que viajava num ônibus da linha 409 (Jardim Botânico-Tijuca).

Assim como Ermelinda, a figurinista Mariana Paes, de 27 anos, também se encolhia no 409. A temperatura no coletivo era de 16 graus, enquanto um sol tímido aparecia entre as nuvens do lado de fora, com os termômetros na casa dos 24 graus:

— Não costumo usar muita roupa, mas sempre carrego um pano para me cobrir quando eu estiver dentro do ônibus.

Não há normas técnicas que determinem uma temperatura padrão de resfriamento no transporte público, segundo Nisio Brum, professor de engenharia mecânica da Coppe/UFRJ. Nisio explica que o sistema de refrigeração tem como uma das funções modular a umidade do ar.

— É bem diferente de ajustar a temperatura em ambientes de trabalho, onde é possível determinar umidade, tipo de atividade, número de pessoas, vestimenta, entre outros fatores. A carga térmica dentro dos ônibus e vagões varia: ora eles estão expostos ao sol, ora operam no subsolo. O fluxo de passageiros também influencia — diz.

Mãe de Isadora, de 3 anos, e Laura, de 9 meses, a professora Cíntia Celso repete um ritual todos os dias ao entrar em um dos 19 novos trens adquiridos pelo metrô: vestir o casaco nas filhas e colocar uma manta para cobrir as crianças:

— Elas já tiveram fortes resfriados por conta da discrepância de temperatura.

A concessionária Metrô Rio informa que os trens são programados para operar em média com 23 graus. Porém, a temperatura dentro do vagão chegava aos 19 graus, conforme medição feita pelo GLOBO, quando a enfermeira Maria Queiroz, de 52 anos, se enrolava em sua echarpe.

— Todos os dias é assim. Tenho sinusite e é comum que eu fique mal nesta época do ano por causa do ar-condicionado.

A alergista e imunologista Laira Vidal explica que a exposição a uma temperatura muito baixa exige um trabalho mais intenso do mecanismo de vasodilatação das narinas, responsável por filtrar e aquecer o ar que é levado até os pulmões.

— Quanto mais frio, maior é a dilatação. E isso pode causar edemas na mucosa, gerando coriza e facilitando a entrada de vírus e agentes que causam alergias — afirma a médica.

Nem todo mundo reclama. Passageira dos trens da SuperVia, a assistente jurídica Kelly Rocha, de 30 anos, enxerga vantagens no clima de montanha:

— No inverno, o único problema que enfrentamos é a lotação, pois o ar-condicionado funciona bem.

A Metrô Rio diz que a temperatura dentro dos vagões é considerada ideal, resultado de estudos para esta época do ano. Já o Rio Ônibus (sindicato das empresas responsáveis pelas linhas municipais) afirma que a ordem é para que os coletivos saiam das garagens com o ar-condicionado regulado numa temperatura predeterminada, de acordo com a máxima prevista para o dia.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/passageiros-reclamam-de-frio-excessivo-em-onibus-nos-vagoes-do-metro-do-rio-16722108#ixzz3fUvvQBh3 
© 1996 - 2015. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização. 

Comentários