Justiça paralisa obras do metrô na Praça Nossa Senhora da Paz

27/10/2012 - O Globo

Liminar determina que projeto da nova estação seja analisado por especialistas

Os tapumes do canteiro de obras da Linha 4 do Metrô na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema Camilla Maia / O Globo

RIO - Menos de uma semana depois do início da instalação dos tapumes na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, para a construção de uma das estações da Linha 4 do metrô, a obra foi interrompida. Desde sexta-feira, o consórcio Rio Barra, responsável pelo projeto que vai ligar a estação General Osório, em Ipanema, à Barra da Tijuca, retirou todos os operários do canteiro, acatando uma decisão da Justiça.

Conforme adiantou Anselmo Góis em sua coluna no GLOBO deste sábado, a juíza Neusa Alvarenga Leite, da 14ª Vara de Fazenda Pública do Rio, concedeu uma liminar impedindo o prosseguimento das obras no local.

A ação cautelar que pede a paralisação foi movida por seis moradores do bairro. Eles fazem parte do Projeto Segurança de Ipanema, um grupo de moradores que vem protestando contra o projeto e que quer que o consórcio e o governo apresentem um projeto e métodos alternativos para a construção da estação.

Não somos contra a obra, nem contra a Linha 4. Só não queremos que a praça seja destruída, nem que os métodos escolhidos para a construção ponham em risco nossa segurança e nosso bem-estar. Existem técnicas que possibilitam a construção sem que uma cratera tenha que ser aberta na praça. Queremos transparência diz Ignez Barreto, coordenadora do grupo.

A decisão determina que uma equipe de especialistas faça uma análise técnica, com vistorias e verificações, de forma a determinar se há ou não uma alternativa ao projeto. E afirma que, enquanto o laudo não for expedido, as obras devem ser interrompidas.

O governo e o consórcio Rio Barra afirmaram ontem que vão recorrer da decisão.

A polêmica em torno da nova estação do metrô na Praça Nossa Senhora da Paz é bem anterior ao início das obras. Parte dos moradores teme que as escavações causem danos às edificações e às árvores da praça. Como não conseguiram impedir o projeto, que já obteve a licença de instalação, os moradores que fizeram várias manifestações e conseguiram um abaixo-assinado com mais de 19 mil adesões querem mudar os locais de acesso à estação, previstos para o calçadão no entorno da praça.

Ignez Barreto reclama que ainda espera um diálogo com o governo do estado, para mostrar que as entradas podem ficar no calçadão da Rua Visconde de Pirajá, o que preservaria a praça e serviria de incremento para o comércio do bairro.

Queremos mais transparência. Eles se recusam a dialogar. A falar sobre os impactos do projeto e dar garantias de que os prédios não serão afetados. Eles dizem que iriam reconstruir a praça, mas ouvimos vários especialistas que afirmaram que muitas das árvores não poderão ser replantadas. Essa ação foi movida como um ato extremo, uma vez que eles já iam começar a derrubar a praça disse Ignez .

A licença de instalação da estação da Nossa Senhora da Paz de instalação foi apresentada no dia 25 de junho pelo secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, e pela presidente do Instituto estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos. A licença foi aprovada com uma série de restrições, entre elas, a redução do número de árvores a serem transplantadas: de 113 para 17. O Conselho Diretor do Inea aprovou ainda a exigência de replantio de 400 árvores no bairro.

Sem divulgar o mapeamento das árvores que serão removidas, o governo do estado garantiu que apenas as árvores menores que ficam na parte central serão transplantadas. Ela serão retiradas e levadas para um horto até que as obras sejam concluídas. Depois, essa árvores serão replantadas na praça. As maiores, localizadas nas extremidades da praça, não serão retiradas.

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